domingo, 20 de novembro de 2011

A Morte de Ana

Ana nunca foi boa com as palavras,mesmo assim nunca às abandonou.Era trágico ver como seu rosto se reprimia de temor quando se falava de futuro.Onde estaria seu futuro?Perdido nos braços da morte.
Morte que alias não é só física.Ana morreu tentando se salvar de dentro para fora.Eu nunca me deixo esquecer que ela saía todas as noites de sábado em busca de um vinho caro para se desfazer de seus conceitos sobre comportamento.As flores lhe enfeitavam o cabelo,e o perfume de um alvorecer lhe fazia gosto todas as manhãs.Eu podia toca-la,vê-la,leva-la para longe.Fui covarde,e à vi partir com o coração dentro de uma mala amarela.Pobre menina amarga.Desculpe amiga minha.Eu não tive coragem o suficiente para dizer a ele que eu o achava bonito.Se você estivesse aqui certamente me surraria.Mas é que depois que você se foi as coisas ficaram tão cinzas,mais ainda do que eu sempre fui.Então quando me falam de morte eu sempre me imagino no escuro procurando a tua mão.Ele não nos deixou tanta escolha,e ainda hoje quando eu te vejo sorrir posso ver a morte em seu olhar.

Nós subíamos em árvores para esperar a chuva cair.Era tão gostoso saber que estaríamos encharcadas de alegria depois.Era tudo tão doce,e eu me permitir macular por uma malicia enganadora.Me perdoe.Ah sim,me perdoe! Por não ter te esperado na estação aquele dia,é que a chuva desceu negra para mim e o sol pareceu me rejeitar.Eu fui feliz até quando não devia estar de pé,e olha só eu me escondendo de novo.

Ana sabia de tudo,via tudo,estava em tudo.Trazia nos bolsos todas as notas da verdade,e um frasco de veneno na carteira.Ela nunca soube ser sutil,nunca tentou ser melhor do aquela garota que lhe sorria no espelho.

Ana tinha nas mãos todas a borboletas,e na língua todas as vontades.


(Elisama Oliveira)

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