segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Novembro

Não me lembro de qual foi a ultima vez que tomei um banho de chuva.Ou me lembro? Não importa,eu chovia muito por dentro naquele dia,e claro por fora,mas aquela água cristalizada que me escorriam eram facilmente camufladas pela chuva que me cobria feito um véu.Há dias em que palhaços e xícaras ficam  sutilmente assustadores,me levando à uma época que eu não apago dos ombros.Olha só,cigarros são estupidamente relacionados ao desespero,em minha modesta opinião.Ou,nem tão modesta assim.Estou desesperada.Mas porque não bebo,não fumo,não vicio-me em um jogo,não me entrego ao primeiro beija-flor que me cantar? Porque sorrio,e não me largo por um instante na estrada ? É fácil demais decorar a estante com fotos,ligar o rádio e deixa-lo entoar.É fácil demais se deixar sofrer.Eu nunca fui fácil.Então me surre se eu não levantar os olhos quando houverem aplausos vindos à mim.Perdoe-me se eu não choro ao ler uma carta,não me entrego de coração ao seus poemas.Perdoe-me Drummond,mas você tem sido um veneno para mim ultimamente.Tanto drama não me faz justiça,afinal,estou inteira.Inerte,mas inteira.Você sempre disse que amava a chuva,mas nunca deixou a janela aberta para aprecia-la.Pobre ator,cheio de dramas e novelas de cavalaria.Canta sabiá! Só quando a chuva passar.Quando o tempo passar.Quando tudo passar.Então canta,e me visita pássaro de amor.Não tenho pressa,é novembro,vai chover.


(Elisama Oliveira)

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