sábado, 3 de dezembro de 2011

À 7 palmos

Havia um medo e uma timidez.
Outra criança adulterada pelos anos que a pintura escondia.(M.Z)



As vezes me pego às 18:15 de uma quinta feira,esperando que diante de mim todos os medos me percam.Quanto mais se tenta deixar ir,mais pra perto se é puxado.E você de novo está na porta de casa.
Por qualquer circunstancia,eu ainda tento desdar os nós feitos no abraço.Desfazer os laços dados no cabelo,e as vidas pintadas na memória.São todos fantasmas na estante.Todos,brinquedos que não me fazem graça.E toda quinta-feira parece ser o dia do reencontro.Todos os dias parecem ser aquele dia,todas a músicas parecem dizer as mesmas coisas,e os ombros sempre parecem ter o mesmo tamanho.Um tamanho insuficiente.Meus medos não me perdem,não me esquecem,só me acompanham.Quietos,comportados,cheios de gentilezas e sorriso,mas nunca (nem por mínimos momentos) se despendem da minha face.Eu me encontro à sete palmos,coberta de um sentido ainda não encontrado pra viver.Eu sou o pedaço que falta na sociedade machucada.Serei então a eterna dança da esperança maculada,o infinito desejo de ser forte,a incrédula vontade de ser só,o tamanho do pedido,o nó no abraço,o laço no cabelo.Serei então sempre minha,e da minha caneta.Sempre a moça do banco azul na quinta-feira.Enterrada com as mãos cruzadas,morta por um tiro no peito e pelo medo.Pronta pra que alguém diga: "Hora de acordar."


(Elisama Oliveira)

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