terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Imortal

Que saudade!
Ah sim,que saudade daqueles velhos tempos.Dos tempos que nunca foram nossos,dos risos que nunca saíram das nossas bocas.Das tardes que nunca passamos juntos.Nós,simples seres.Seres de almas diferentes.Eu,rica de inocência e juventude,e você de passado e amargura.
Olha,eu sei que não foi culpa tua.E se posso culpar alguém,culpo um sistema inexistente.Mas,se houve culpa,ela não quis embora tão cedo.E ainda está aqui,nos castigando pelos pecados de uma geração passada.Pois bem,segure minha mão esta noite,e finja,só finja,que somos felizes,e que nada a disso vai ser esquecido debaixo daquele tapete velho na porta da sua casa.
As vezes me pergunto,como podemos sentir falta do que nunca tivemos.Se é que é falta.Prefiro acreditar que é arrependimento de não ter tido.Mas é claro que isso não nos cabe discutir.É o tempo,À vida e o vento.Só eles,e um destino sem nome que só Deus conhece.
Bom,afinal é assim que nos conhecemos,sem nos conhecer.Ligadas somente por um sobrenome num documento antigo,e um laço de sangue machucado.Muito maltratado pelo tempo,e atingido pela ignorância de um homem sem caráter.Não sei porque te amo,só sei que amo.E amo sem querer saber porque amo,só amo.Que o meu amor,enfim,te alcance num relance de cura,te abrace todas as noites,te faça uma trança no cabelo,e te envelheça com carinho.Pois bem,agora vou indo.Não sei bem pra onde,mas vou.Se cuida,e cuida de mim.Pois mesmo sem conhecer teus velhos costumes,eu me vejo ali,no cantinho do teu olho com um pequeno cobertor nos ombros e um cheiro de criança.E sim,criança vai ser esse nosso laço,pronto pra amadurecer,e com esse velho sonho de ser imortal.

Elisama Oliveira à Wanda Maria Vaz Alves. "Vó"

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