terça-feira, 15 de abril de 2014

The Catcher in the Rye

Fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. 


- Salinger

Dopamina

eu não via a chuva
que nele chovia.

e era quente,
e o cheiro
da morte
da mulher
do abismo,
recente.

eu não via o fogo
que nele ardia.

molhava
todo o toque
e o gosto
espalhava
queria curar-se
e era cura
e curou-nos.


Depois, só.




Elisama Oliveira